Esse abismo foi forjado pela separação do Céu e da Terra, pela separação do Homem e da Mulher; dali foi tomado o material com o que foram feitos os espíritos, e deles deve novamente encher-se, para que todos possamos atravessa-lo, em direção a Akasha.
Esse material é a Historia da humanidade, desde antes que fosse criada, desde o tempo anterior à existência feminina.
Por isso em cada espírito está escrita, descrita, contada e desenhada um pedaço dessa Historia, por isso cada espelho reflete uma parte dessa Historia, por isso cada um de nós é um pedaço de Historia Viva, vívida, e vivida, mas que somente pode ser lida, absorvida a través do espelho espiritual, com o que cada um de nós está em íntima conexão.
Esta é uma fábula de grande beleza e poder, a mesma Beleza e o mesmo Poder, com os quais um dia as mulheres transformaram esta terra árida, num mundo em evolução.
Uma fábula que criou uma Tradição, que estende-se além das névoas do tempo, uma Tradição que está sendo contada desde aquele tempo, de boca em boca, de ouvido em ouvido, e que agora será lida por todos, para que ninguém fique sem saber, para que ninguém fique sem compreender.
Isto é possível, porque alguém atreveu-se a criar novamente e ainda assim por primeira vez, desde a criação primeira, uma ponte sobre o abismo dos espelhos; uma ponte feita das Luzes e das Sombras das memorias aprendidas do próprio espírito, sem criar a necessidade de despedaça-lo no abismo; liberando-o desta forma para que ele possa servir de conexão a outros que queiram escutar suas historias, para que novas pontes sejam criadas e todos possam evoluir da mesma forma, em direção à Akasha, como uma unidade de consciência livre.
Quando não ouvimos os espíritos, quando não escutamos a parte da Historia que ele tem para contar-nos, nos abandona e forma seres híbridos, seres não criadores nem dadores de vida, para poder habitar, numa tentativa de perpetuar a si mesmo, procurando a fusão da Luz e do Amor, num único veículo, que contenha a sensibilidade necessária, para abarcar suas historias, e poder completar assim seu propósito inicial, porem não final.
Este propósito inicial é refletir a sabedoria que adquirimos, e levar-nos a compreender a relação da Historia Primordial com momento que estamos vivendo; e seu objetivo final é revelar-se como espelho espiritual, abrindo o caminho que nos conduzirá finalmente a Akasha, na dança Cósmica da Reintegração.
Se o compreendemos, e o aceitamos tal como é, nossa senda se abrirá de par em par, deixando passar a Luz e o Amor, permitindo a nossa verdadeira essência vibrar como uma das notas perfeitas, que compõe a melodia universal.
Em um dos livros sagrados para a humanidade, se fala de nove dons ou carismas, e um deles é o dom de falar com os espíritos; os espíritos aos que se refere, é a estes espelhos, estes reflexos de nós mesmos, que contam a Historia em partes, em pedaços que levamos subtilmente, e que somente reconheceremos como nossos quando tenhamos desenvolvido “o dom de falar com os espíritos”.
Agora que você sabe um pouco mais, procure encontrar e compreender as palavras de seu espírito, para que o abismo também contemple a sua obra, para que sua ponte se veja ao longe, e a historia dele, a sua própria historia, possa ser contada a outros que esperam por um espírito do tempo, que participa do carisma com que você foi agraciado.
Esse espírito é um El- Edá, significa a idade do tempo, o tempo no qual o tempo não existe, e se faz eterno nas historias que os espíritos tem para contar-nos.
Essas historias falam de como foram as coisas, como se sucederam as criadoras, os dadores de Vida, e a criação; porém não falam de coisas banais, pois os espíritos não conhecem o efémero, somente sabem do eterno, e somente conhecem o futuro pela sua relação com a eternidade; por isso não lhes pergunte sobre seus assuntos mundanos, porque eles desconhecem esses assuntos; eles somente podem mostrar-lhe a sua própria eternidade desde o começo do El-Edá; não precisam saber mais que isso, sendo que depois de conversar com eles, você compreenderá que não existem os tempos separados, mas sim um presente sempre eterno, semelhante a um grão de areia, que o contem tudo, que contem todas as historias que formam juntas a Historia Primordial.