A Travessia pelos Domínios da Deusa
Esta é uma viagem na qual todas as mulheres tem uma passagem garantida; algumas irão de primeira classe, outras de 2º, 3º, ou 4º classe.
Considero uma passagem de 1º classe aquelas que atravessam este período de forma suave, sem muitos ou sem nenhum inconveniente, e além disso a “viagem” é rápida e sem mais problemas.
Conheço pouco deste assunto – agora escrevendo percebo isso – pois ainda que estou em plena travessia, somente tenho sabido das passageiras de 1º classe e de mim e das que viajam na mesma “classe” que eu.
Como já falei antes este é um assunto pouco divulgado, e as mulheres evitam de falar nele; o que se encontra é informação técnica e as soluções são baseadas em remédios, reposição hormonal, ou simplesmente “padecer” este ciclo e não procurar entendê-lo e vivê-lo como uma parte do Sagrado Feminino.
Se a Deusa é tríplice e se uma das facetas dela é a Anciã, então porque as mulheres não falam deste aspecto Dela em si mesmas que é tão Sagrado e importante também?
Anciã nos aspectos da Deusa, também se relaciona com “Sábia”, mas evidentemente a maioria das mulheres que chegou nesta fase não tiveram a oportunidade de “saber” muita coisa sobre elas mesmas.
E voltamos ao problema da sociedade moderna que esqueceu sobre os ciclos da natureza, e é “natural” que tenha acontecido assim, porque Ela, a Grande Mãe, a Natureza é feminina, e o Feminino, sagrado ou não, não tem lugar num mundo patriarcal, onde eles ao igual que uma criança mal-criada, precisavam se firmar no mundo, ainda que isso significasse a destruição daquilo que é “natural” em qualquer Ser humano.
Desobedecemos os ciclos da Grande Mãe, e Ela hoje nos cobra seu tributo de muitas formas; o único jeito é pagá-lo, aprender a lição e seguir em harmonia com Ela e com nós mesmas.
“A Paga”!!!
Na África as sociedades vivem secretamente as crenças e cultos de religião à qual pertencem desde sempre, pois para o resto do mundo ela é inexistente lá.
Eles acreditam que quando uma pessoa morre o espírito dela vai para o céu, e para eles esse céu é na cima de uma árvore milenária chamada “Mulemba”, onde a pessoa espera pelo seu próximo nascimento.
Se a pessoa é assassinada, acontece algo mais…o espírito também vai para cima da Mulemba a esperar o seu retorno ao plano físico; a diferença é que neste caso fica na terra vagando uma parte do ser que foi assassinado, e que eles chamam de “Ka-zumbi”.
É o que se conhece como “alma penada” ou “alma em pena” (porque carrega uma dor, um pena) e por vezes “fantasma”.
Os egípcios consideravam que “ir ao Ka” significava morrer, e zumbi ou zoombi é vagar, sem rumo e sem destino apenas animado pelo último desejo do espírito.
No caso dos Ka-zumbi dos povos africanos (também na atualidade) ele busca a pessoa que o assassinou, não querendo vingança, mas sim para exigir “A Paga” (o pagamento); quando ela é feita se reestabelece o equilíbrio cósmico-humano, de forma que a Vida possa seguir seu curso segundo a Lei de Compensação.
O povo africano tem um ritual que se realiza debaixo da Mulemba (a árvore existe de fato) para poder entrar em contato com o Ka-zumbi e saber qual é a ” Paga”.
Quando o Ka-zumbi não encontra ou perde seu assassino nas voltas da evolução a través dos séculos, ele “vaga” em torno de algum dos descendentes daquele que lhe tirou a vida, perturbando-o e não lhe permitindo ser feliz.
A Paga, o tributo pode ser feita tanto pelo descendente como pela própria pessoa (assassino) quando estiver reencarnado, mesmo milhares de anos depois.
A pessoa que foi assassinada inicialmente continua com seu ciclo de renascimentos desde o acontecimento que deu origem a tudo isto, sem nada saber, porque obviamente somos quase que totalmente ignorantes de nossas origens.
O que me levou a contar tudo isto foi o fato de comparar o assassinato de um ser humano como o que temos feito com a Mãe Natureza, a Deusa e o Sagrado Feminino.
Assassinamos a Deusa e com Ela nossa sagrada origem, os ciclos naturais femininos que nossas ancestrais viviam.
Ainda não completamos o ritual debaixo da Mulemba, pois apenas começamos a resgatar nossa ancestralidade, ainda não ouvimos “a Paga”. Ao igual que o Ka-zumbi anda em torno de seu assassino e não o deixa viver em paz obstaculizando seus planos, assim a Mãe Natureza que foi “assassinada”, assombra como um fantasma a vida da humanidade esperando que ela lhe pergunte o que deseja como “Paga” para que possamos ser felizes.
O Sagrado Feminino foi destruído, quebrado, ao nos esquecermos de nossos ciclos em sintonia com as fases da Lua, e também cobra seu tributo a nós as mulheres, à espera de que procuremos entender e viver novamente uma vida de acordo com os ciclos naturais.
As “Tendas Lunares” foram destruídas quando a Deusa foi assassinada, e hoje não temos mais onde nos refugiar e aprender sobre nossos ciclos sagrados.
Cada ciclo, cada fase da Lua tem sua “Paga”, seu tributo para que possamos vivê-lo tranquilamente, e ainda que irei “descobrindo a Paga” de todos os ciclos do Sagrado Feminino, o que mais ocupa minha atenção agora é a menopausa.
A “Paga” deste ciclo é resgatar a Sabedoria da Fase Anciã da Deusa, já não somente como sexuada, geradora, criadora, nutridora, já não como partes, etapas e fases, mas sim como um todo que contêm e é todas essas partes juntas.
A “Paga” do ciclo da menopausa, ou seja, o que temos de perceber nesta “viagem” além de que um ciclo segue o outro, é que o ciclo presente sempre carrega em si mesmo os (ou o) ciclos que o precedem.
Sendo assim a menopausa contêm nela todas as fases anteriores:
– O despertar da sexualidade (Donzela)
– A geradora, criadora, nutridora (Mulher Madura)
– E finalmente a sábia (Anciã)
O tributo da menopausa é entender em nossos níveis interiores que neste ciclo último, porém não final, somos a soma de todos os anteriores e podemos dizer que a Deusa vive em nós através de todas as suas fases exigindo que se cumpra em nós:
– A experiência da Donzela, redescobrindo a sexualidade em sua expressão mais amena, mais doce e mais tranquila.
– A experiência da Mulher Madura, gerando, criando e nutrindo os “filhos do espírito”, pois já não serão filhos gerados de nosso corpo, mas sim filhos do coração, criados e nutridos por ele.
– A experiência da Anciã, a que sabe porque já viveu e experimentou muito, e pode entregar o seu conhecimento a suas descendentes como nossas ancestrais o fizeram antes.
Chegar à menopausa – se pagamos o nosso tributo – é tornar-se verdadeiramente Una com a Deusa, com seus ciclos e com nós mesmas.
Imangens: alicepopkorn – Eddi 07 – lavandarfields
A menopausa hoje estámais suave para as mulheres. Pelo menos sob o aspecto físico e puramente hormonal. Os recursos médicos aumentaram muito o conforto da mulher. Mas no aspecto psicológico ainda existem problemas que a mulher sente dificuldades em eliminar. o que é plenamente compreensível.