Frente e Verso
Um novo amor chega como o sol, rompendo,
Libertando o que antes estava oculto
Sinto a semente germinar
Os sonhos, as esperanças, os desejos de voar…
Sinto o criar de asas
O despedaçar de laços
Que novamente, em parte, se farão laços,
Mas nos farão inteiramente livres.
Sinto a felicidade deste dia que não se acaba
Desta brisa que era passageira
Mas que veio se aninhar tufão dentro de mim.
Sinto a sala novamente iluminada
As janelas abertas, as portas escancaradas.
Convidando o menino que vem brincar
No terreno perigoso do meu coração.
Sinto a medida sem medida das coisas
E me vejo transbordar no imensurável mar
De amar
Sinto todas as suas formas, suas simplicidades,
Seus exageros, suas ondas,
Essa reviravolta que não sai de mim
Sinto o arder do fogo que não queima
Daquele mesmo fogo de que, um dia, se falou e experimentou o poeta,
A metáfora perfeita para quem se deixar consumir
Em frente e verso
Por todos os poros e esquinas
Pela alquímica chama do amor.