A Procura da Àrvore da Vida
No jornal El Pais, do dia 10 de Junho, li uma matéria sobre a procura desta mítica Árvore Sagrada; que dizia o seguinte:
No princípio dos tempos, o Deus Wahari dispôs que os homens no trabalhassem; ninguém devia se esforçar por conseguir alimentos, água ou ervas; tudo se encontrava no Wahari-kuawa ( a Árvore de Vida)
Assim viveram os sere humanos antigos, sem maiores preocupações, até que um esquilo, antepassado dos homens atuais, empenhou-se em derrubar a imensa Árvore, porque queria os frutos para ele.
Chamou um tucano de bico comprido e um pica-pau que o ajudaram a cortá-lo; depois de muitos dias conseguiram derrubar a Árvore, mas se arrependeram no mesmo instante: todos os frutos apodreceram e os gigantescos galhos bloquearam os rios e provocaram inundações.
Terminou-se a fartura e chegou o tempo da necessidade; para lembrar aos homens dos seus pecados (quais?) o Deus Wahari manteve a base da Árvore em pé e os nativos piaroas o consideram ainda hoje sua montanha sagrada: é o Cerro Autana encravado no Norte da selava amazônica e declarado zona protegida desde 1979.”
Conversando com meu filho sobre o assunto, pois em todas as religiões antigas existe a referência a esta Árvore, lembrei-me do que dizem meus Maestros sobre ela.
Falam que a Árvore da Vida é o “outro” ser humano em nossa Vida; e que quando comemos do fruto proibido -a maçã- o que devoramos foi a Vida do outro, como foram acusados Adão e Eva.
A Maçã, é a representação mais gráfica que existe, do percurso do fluido vital entre os corpos de cada um de nós: o físico, o emocional ou corpo de desejo, ou astral, o mental e o espiritual.
Ela representa um ser humano completo, incluindo o corpo físico, com o sangue, a energia vital, a Vida de cada ser humano.
Sendo assim, e fazendo referência a Kabala, a Árvore da Vida no sentido microcósmico, a procura dela é a procura do outro, é encontrar o outro a traves do Amor Maior, do Amor Incondicional.
Porque no outro está tudo o que necessito para nutrir-me e viver bem, sem necessidades, sem que me falte nada; mas tenho que nutrir-me do outro, não devorá-lo, não tomar-lhe as coisas a força, e nutri-lo, antes que ele me devore, por minhas negativas a ouvir sobre as suas necessidades.
A propósito disto os Maestros dizem:
Qual medo você vai erradicar agora?
O de sempre, o medo de que o outro me devore, de que o faça em lugar de nutrir-se de mim; pois a maioria somos devoradores, não “nutridores”; mas todos podemos nutrir a todos, ainda que para que isso aconteça, ambos devem entendê-lo e desejá-lo, deve ser uma troca, e isso somente é possível a nível consciente.
A única defesa real, para a consciência real, que não distorce a porção de matéria que somos, é abrir-se, deixar-se levar, entregar o que temos, em forma de Graça, em forma de Amor, nutrir o outro antes de que nos destrua.
O outro pede, não nos damos, não nos doamos, por isso toma pela força aquilo de que precisa, nos devora com seu escudo, com suas defesas, obstaculizando nosso andar, nosso caminho, nossa evolução.
A Graça que não se entrega, nos é tomada pela força, criando uma corrente de des-graças, ou falta de Graça; Falta de entrega, falta de doar-se, falta do Dom de Amor.
Como é possível tanta ignorância?
Como é possível que tanto sofrimento, não nos leve a entender coisas tão simples?
Como é possível que mesmo sentindo em carne própria a dor de ser devorado, isso não nos leve à compreensão da dor do ser que devoramos?
Nosso escudo vai se corrompendo por nossa própia consciência distorcida, e pelos ataques dos que querem devorar-nos, destruindo nossas defesas.
E se não alcançamos a compreensão desta corrente de “des-graças”, ela se perpetua indefinidamente, até que finalmente não exista nada mais para devorar em nós, ou para devorar no outro, e nos abracemos em nossa dor, começando finalmente uma corrente de Graças, animados pelo Amor que nos une a todos desde o começo dos tempos, desde que todos partimos da Consciência Primeira, do Amor do Um, em direção ao outro”.
Imagens: Denis Collette – movimente
eclarecedor ao extremo,e ,bem esta situaçao de muitos ….