A Caçadora e os Fantasmas
Houve uma vez uma mulher que caminhava com os pés descalços e serpentes enroscadas nos tornozelos; essa mulher tinha um Nome, mas ninguém podia chamá-la.
Ela ia em busca de algo, em pós de um objetivo, era uma caçadora; uma caçadora defantasmas; por isso seu nome jamais foi pronunciado, porque nenhum deles sobreviveu para dizê-lo.
Ela viajava contra o vento por paisagens áridas e desoladas, onde podia ouvír claramente o silencio das criaturas fantasmagóricas que caçava; paisagens aos quais nenhum mortal se atreveria sequer a olhar.
Ela tinha uma pedra de âmbar que palpitava, no ritmo da Criação, ao compasso de seu próprio coração, formando um feixe de energias puras, que a acompanhavam em sua busca.
As criaturas fantasmais, temiam o sonido das serpentes, que retumbavam a cada passo da caçadora, que furtivamente aproximava-se numa inexorável e determinada sede de justiça.
Justiça que clamava pela exterminação das cascas impuras, que haviam nascido como fruto do desamor e a indiferença.
Estas cascas astrais enchiam o ar de miasmas, disseminando a peste incurável de seu próprio vazio, como uma praga que espalha-se, sem que nada nem ninguém a possa deter, a não ser a caçadora defantasmas.
Somente ela possuía a cura: uma poção mágica feita com a pureza de seu coração, e parte do âmbar de sua pedra sagrada, consagrada além dos tempos e transformada num longo e fino objeto, mais apreciado e cobiçado que o ouro dos humanos mortais.
Este objeto tinha a forma de uma Lança Dourada, que brilhava como o Sol, porque estava feita de sua mesma Força e Verdade: a Força da Vida e a Verdade da Essência, que faz a conexão entre as coisas e os seres, entre a Lança Sagrada e a Caçadora.
Não procure a Caçadora, pois ela somente encontra as cascas vazias; não procure a Lança, porque sua magia está na cura, mas também está na morte; está na Vida, mas também na doença.
Melhor afasta-te do desamor e da indiferença, para que ela nunca se aproxime de você, para que nunca você ouça o profundo, silencioso e aterrador sonido de suas serpentes.
As hordas de fantasmas lhe temem e fogem até a beira dos despenhadeiros, até a ribeira dos rios abismais, que marcam a fronteira entre os mundos, até que ela os alcança e dança entre eles, a melodía da Vida, desvanecendo-os e espalhando suas míseras existências entre as dimensões.
A cada toque de sua lança, surgem espirais douradas, que desfazem o desamor e a indiferença, que conforma os vazios existenciais, que deambulam entre os humanos, contaminando suas vidas, fazendo mais estragos que todas as pestes conhecidas juntas, e que são filhas bastardas, das cascas astrais.
De tempos em tempos, a Caçadora e a sua Lança separam-se, por breves períodos, nos quais ela descansa nos braços da Mãe Terra, enquanto seu objeto sagrado, permanece submergido nas nevoas do esquecimento da maioria dos mortais humanos.
Mas de tempos em tempos, ela e sua arma dourada re-surgem, quando seu trabalho torna-se necessária, antes da chegada de um novo Eón. Também as cascas, voltam a aparecer no cenário mundial, assim como seus pais adotivos: os homens e seus vícios, sua cobiça, sua avareza por possuir o controle do novo Eón, da Era Nova, da Era do Aguateiro.
Insanos bastardos, filhos da decadência, acreditam poder controlar as eras, somente pelo fato de possuir um objeto, e apressam-se por encontrá-lo, sem medir as ações que deverão tomar para poder consegui-lo.
Neste tempo, no qual a eternidade torna os séculos insignificantes, a corrida em busca dos tesouros do Reino, se faz mais e mais cruenta; muitos são os que correm em pós de pistas e pegadas, sem nada encontrar.
Vão em pôs, de lendas e fábulas, tentando encontrar a Lança antes de que a Caçadora acorde de seu sono, e os faça pedaço, com seus raios de Sol e a Pureza de seu coração.
Também fala-se de escritos e manuscritos sagrados, cheios de secretos poderes, que podem ter a localização, não somente da Lança, como também, de outros objetos.
Poder, sempre poder, é o único que desejam, não a pureza da Lança, não a essência dos outros objetos, somente o poder de dominar, vencer, e ultrajar a Vida, e tudo o que represente uma ameaça a seus mesquinhos jogos de mais poder.
Não conhecem outra realidade que o mal total, o esquecimento do que ficou para trás, o esquecimento de suas origens, da origem da Criação, quando compartiram a Consciência Una com o outro, com tudo, com todos, com o Todo.
E agora, insanamente, desejam ser mais poderosos que o próprio Criador; destruindo Seus emissários, Seus mensageiros, e apoderando-se das essências que Ele consagrou e espalhou sobre a Mãe Terra.
Essências que estão encarregadas de purificar os tempos, antes do começo de cada era, para que tudo possa seguir Seu curso segundo a Lei da Vida. Estes seguidores da cobiça, vis exploradores da desgraça e a desdita de muitos, estão infectados pelos miasmas das cascas astrais.
Eles não quiseram ouvír o choro dos desvalidos, nem as historias de Meus mares, nem os mensageiros que lhes enviei.
Por isso os deixarei aproximar-se o suficiente de Minhas essências, para que sejam desvanecidos na beira dos despenhadeiros, e espalhados entre as dimensões, de onde nunca poderão voltar, porque é o terreno do não-ser, do
não-existir, de onde ninguém voltou jamais.
Nem sequer a as sementes que estão fora do tempo, conhecem esse lugar; sabem de suas portas, de suas entradas, mas nunca as atravessaram, nem sequer sabem como fazê-lo; somente escutaram alguma vez, os lamentos eternos dos que ali se encontram.
Os que povoam o terreno do não-ser, não lamentam-se por sua própia sorte, senão pela lembrança dos gritos sofridos, agonizantes e aterrorizantes das vítimas que fizeram, e que agora é a sua única referência na nada, no vazio no qual se estão.
E ali ficarão, até que compreendam o mal que semearam, e arrependam-se disso.
Ali ficarão até que depois disso, uma alma, uma memoria desta dimensão, acenda uma Luz em seus nomes, a través de uma plegaria nascida do coração; um coração tão puro como o da Caçadora.
Quando isso aconteça, quando esses dois atos, essas duas vontades sejam Una, a do verdugo e a vítima, então a paz será restabelecida, e essas almas descarriladas, serão resgatadas, para reiniciar a sua evolução, segundo a Lei de Compensação; e assim, pelos Séculos dos Séculos, Amém.
Oh, nao existem palavras para descrever o quao magnifico é o que escreveu…e triste, mas nos sentimos mais seguros dessa forma.
Que sabedoria…
bjs
descrever otexto ,não tenho palavras,somente uma se aproxima mas inda não consegue definir,FANTÁSTICO.